Monotrilho no Morumbi quer desapropriar até prédio na planta

A implantação do monotrilho da linha 17-ouro do metrô, que ligará o aeroporto de Congonhas ao Morumbi e ao Jabaquara, planeja desapropriar ao menos 50 casas de alto padrão, postos de gasolina, cafeteria e até áreas de dois empreendimentos imobiliários que ainda estão em fase de lançamento.

Um deles é o prédio residencial Andalus, da Cyrela, na Vila Sônia, próximo ao estádio do Morumbi, com lançamento previsto para agosto de 2012. A Cyrela não quis comentar por não ter sido notificada formalmente.

O outro projeto inclui dois prédios –um residencial e um comercial– da incorporadora Brookfield no Panamby, uma das áreas mais valorizadas do Morumbi.

O prédio comercial The Office, com 108 salas de 37 a 600 m2, já foi totalmente reservado –cada m2 custa R$ 7.000. O residencial Insight terá 144 apartamentos de 67 a 95 m2, mas nenhuma reserva foi feita.

“Não fomos notificados ainda, então entendemos que é só um estudo, que ainda será melhor debatido”, afirma José de Albuquerque, diretor de incorporação da Brookfield em São Paulo.

A empresa irá recorrer. “Vamos informar que já existe projeto aprovado lá. A gente não concorda. Como a prefeitura aprova o projeto e depois desapropria? Se não for possível alterar o traçado, vamos para as vias judiciais.”

As informações sobre os imóveis que poderão ser desapropriados foram detalhadas no EIA-Rima (estudo de impacto ambiental), que lista com fotos todos os imóveis.

Mais da metade está nas ruas Senador Otávio Mangabeira, Professor Alfredo Ashcar e João da Cruz Melão e avenida Jules Rimet.

No total, o Metrô espera gastar R$ 185 milhões para desapropriar até 132 mil m2 –cerca de 18 campos de futebol– para implantar a linha 17, o que dá, em média, R$ 1.400 por metro quadrado.

Segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), só o terreno nessas regiões pode chegar a R$ 1.500 o metro quadrado.

Também serão afetados vários comércios na av. Jorge João Saad, como três postos de combustíveis, lojas da Subway e Starbucks Coffee, um buffet infantil e outros.



CRÍTICAS

Moradores e comerciantes criticam o projeto e a falta de informação. “A desapropriação é inesperada e desconfortável. Pagarão bem? Moro aqui há mais de 30 anos e não tinha ideia de sair”, diz um morador de 63 anos da rua Alfredo Aschcar, que tem 13 casas de alto padrão na lista.

“Estamos aqui há três anos. Há muita dúvida sobre essa história. O que chega é boato, é conversa de morador, não temos informações oficiais”, afirma Camila Ferreira, gerente do Starbucks.

“A desapropriação em si não é algo que causa tanto mal, mas a construção desse metrô aéreo é uma enorme absurdo. Vai ficar horrível”, afirma o dono do posto, Sérgio Faga, na avenida João Jorge Saad desde 1998.

Desapropriações planejadas no Morumbi
2 condomínios verticais de alto padrão em lançamento (um no Panamby e outro na Vila Sônia)
2 postos de combustíveis na avenida Jorge João Saad (Vila Sônia)
1 posto de combustível na rua Doutor José Gustavo Busch (Panamby)
Conjunto de lojas, inclusive unidades da Subway e Starbucks, entre a rua Jeriguara e avenida Jorge João Saad
Revendedora de automóveis na avenida Jorge João Saad
Bufê infantil na avenida Jorge João Saad
Distribuidora de cosméticos na avenida Jorge João Saad
Revendedora de bebidas na avenida Jorge João Saad
13 casas de alto padrão na rua Professor Alfredo Ashcar (Vila Sônia)
9 casas de alto padrão na rua João da Cruz Melão (Vila Sônia)
9 casas de alto padrão na rua Senador Otávio Mangabeira (Morumbi)
8 casas de alto padrão na avenida Jules Rimet (Vila Sônia)
6 casas de alto padrão na rua Viriato Correia (Vila Andrade)
2 casas de alto padrão na rua Corgie Assad Abdalla (Vila Sônia)
Recuo e parte do estacionamento do hospital Sabóia, na rua Cruz das Almas (Jabaquara)
Uma quadra inteira, formada pela avenida Jornalista Roberto Marinho e as ruas Barão do Sabará, Vereador José Diniz e Gabrielle D’Annunzio (Brooklin)
Edifício comercial de quatro andares na rua dos Jequitibás (Jabaquara)
Imóveis populares em três das cinco áreas da favela Paraisópolis (Centro, Antonico e Brotão)

Fonte: Folha.com





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