Assalto a casas de luxo no Morumbi pode ser represália à ação da PM em favela

No ano passado, 64 traficantes foram presos em Paraisópolis e cerca de 8 toneladas de cocaína foram apreendidas pela Polícia Militar. Por conta disso, segundo suspeita a polícia, criminosos passaram a agir no Morumbi, realizando principalmente assaltos a residências de luxo.

Apontado como o mandante do confronto com a PM na favela, o chefe do tráfico no local, Francisco Antônio Cesário da Silva, de 32 anos, o Piauí, já coordenou outros dois ataques de violência contra policiais. Na favela, porém, o comando do narcotráfico tem sucessor e ele circula, segundo informantes, em carro blindado. Seu nome é Marco Aurélio Patrocínio, conhecido pela polícia como Cora.

Em 2000, quando ainda atuava no Jardim Macedônia, na Zona Sul, Piauí impôs toque de recolher ao comércio e ordenou o incêndio de ônibus em represália à morte do traficante Thiago Vazques Aranha, de 18 anos, em confronto com a PM.

Três anos depois, segundo a inteligência das polícias Civil e Militar, Piauí orquestrou ataques a bases comunitárias da PM, também em represália à morte de um traficante, ocorrida em 16 de agosto de 2003.

Agora, a polícia investiga se partiu de Piauí a ordem para a onda de protestos em Paraisópolis. O motivo seria a prisão de seu cunhado, Antonio Galdino, de 24 anos, durante ação da polícia no domingo passado. Neste dia, o ladrão Marcos Porcino foi morto por policiais, na favela, durante troca de tiros. A investigação aponta que criminosos da facção receberam primeiramente a informação errada de que Galdino também havia morrido na ação.

Piauí está preso desde 18 de agosto de 2008 na Penitenciária Nestor Canoa, em Mirandópolis, a 594 quilômetros da capital. Detido pela PM por porte de documentos falsos, ele havia sido condenado a 14 anos de cadeia por um sequestro registrado em Santo André (ABC) em 2001.



Contra ele havia também seis mandados de prisão por mortes em Paraisópolis entre 2004 e 2008. Natural de Teresina (PI), o criminoso comandou o tráfico no Jardim Macedônia e em Capão Redondo, na década de 90, quando se destacou pelo lucro que obtinha para a facção.

Em 2003, assumiu o cargo de “torre” (chefe supremo do tráfico) na Zona Sul, sendo responsável principalmente por Paraisópolis. Desde então, atuou no comando de julgamentos da facção, com a participação de outros cinco chefes.

O grupo se diferenciou pela maneira como assassinavam os desafetos, carbonizando-os em porta-malas de carros roubados – prática semelhante ao “micro-ondas” (queima da vítima em pneus). Desde 2006, mais de 100 casos deste tipo foram contabilizados na capital.

Com pouco efetivo, a Polícia Militar teve dificuldades para conter os ataques e, segundo relatos de oficiais que coordenaram a ação, ficou “perdida” em Paraisópolis, conforme os vândalos se dispersavam em fuga pelas vielas da favela.

A 6ª Companhia do 16 Batalhão da PM deslocou cerca de 70 policiais para atender a ocorrência, que foi ramificada em quatro frentes de “enfrentamento”. Eram 14 viaturas da 6 Companhia – com 28 policiais — e mais 20 PMs da Força Tática, além de policiais da Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam), que apoiaram a ocorrência. O grupo tentou, em vão, avançar enquanto moradores ateavam fogo em carros e lixo.

Para dispersar ainda mais os policiais, vândalos começaram a incendiar carros dentro da favela, obrigando a PM a entrar em Paraisópolis.





1 resposta

  1. Gabi Cavalliny 14/04/2012

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