Moradores do Morumbi pedem unidade pacificadora na favela de Paraisópolis

Moradores do bairro Morumbi, na Zona Sul de São Paulo, decidiram descruzar os braços para discutir a violência crescente no bairro, uma das áreas nobres da capital paulista. Mais de 4 mil pessoas aderiram no Facebook ao Grupo Moradores do Morumbi. Na rede social, eles contam suas experiências de violência, e cobram das autoridades mais policiamento e medidas efetivas para controle da violência. No bairro está fincada uma das mais antigas e maiores favelas paulistanas, a Paraisópolis, que tem quase 100 mil moradores numa área de 800 mil metros quadrados. Os moradores querem que o governo paulista siga o exemplo do Rio de Janeiro e implante no local uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

Nas últimas semanas, a polícia anunciou reforço do policiamento e uma operação para conter os assaltos, pouco depois do assalto à casa do deputado estadual e ex-prefeito de São Paulo, Antonio Salim Cuariati. Mesmo assim novos casos de violência foram registrados, como o assalto a uma massoterapeuta em que um dos criminosos foi morto por um sargento à paisana. Nesta semana, a polícia prendeu quatro menores que faziam assaltos usando uma metralhadora de brinquedo.

Os moradores querem reunir 8 mil assinaturas num abaixo-assinado a ser entregue ao governo pedindo a unidade pacificadora. Até o momento, já conseguiram 4 mil

– Precisamos tirar o bairro da UTI. E o primeiro movimento para isso é sensibilizar a opinião pública e os governantes. Queremos uma unidade de polícia pacificadora dentro de Paraisópolis e o aumento do efetivo da polícia militar na região – diz um dos representantes do grupo, que também já foi assaltado.

Os moradores decidiram usar a rede social para, além de se unir por um mesmo objetivo, chamar a atenção do governo do estado. Na semana que vem, uma comissão de moradores deve ser recebida no Palácio dos Bandeirantes. No final de semana, cerca de 2,5 mil pessoas saíram às ruas num ato para reivindicar segurança no bairro.

– Devemos nos organizar numa força única para cobrar o governo – diz o representante do movimento.

No Facebook, os moradores também relatam constantemente os assaltos sofridos.



Um dos pontos onde os assaltos têm se tornado frequente é a Rua Doutor Francisco Tomás de Carvalho, conhecido como Ladeirão do Morumbi. Ali, em julho, um publicitário foi baleado numa tentativa de assalto. No mesmo mês, ladrões invadiram uma residência e levaram equipamentos eletrônicos.

No dia 24, a Polícia Militar iniciou a Operação Colina Verde para proteger casas e moradores do Morumbi. Segundo a PM, mais de cem homens e um helicóptero vão fazer rondas. A operação não tem data para acabar. A PM identificou pelo menos seis áreas no bairro onde foram registrados mais roubos e furto a casas. A Operação Colina Verde – significado de “Morumbi” em língua tupi – é realizada pelo 16º Batalhão da Polícia Militar, veículos da Força Tática, a Rota e o helicóptero Águia.

Dois dias depois do anúncio, a massoterapeuta Cinthia Martoni foi abordada em seu carro por três homens e uma mulher em duas motos. Eles fecharam a passagem do veículo e obrigaram a profissional, que ia atender um paciente, a entregar o material de trabalho e bolsa. Os bandidos também abordaram um homem que vinha num carro logo atrás de Cinthia, mas foram surpreendidos porque se tratava de um policial militar.

Um dia antes do início da Operação Colina Verde, uma quadrilha invadiu a residência do deputado estadual Antonio Salim Curiati (PP). Com uma chave de fenda, os criminosos feriram o deputado, que tem 83 anos. A sua mulher foi agredida e levou um tapa no rosto. A ação durou pouco mais de 20 minutos e os homens fugiram de carro levando R$ 13 mil em dinheiro, joias e outros bens.

No dia 19, um engenheiro foi surpreendido por dois bandidos que estavam dentro da residência, e outros dois, do lado de fora. Ao se aproximar da garagem, o engenheiro foi atingido nas costas, segundo a polícia, por um tiro de fuzil. Ele está internado em estado grave.

Nesta terça-feira, quatro menores, com idades entre 14 e 16 anos, suspeitos de cometer roubos no bairro foram presos. O grupo usava uma metralhadora de brinquedo para abordar as vítimas. Eles também tinham um canivete. Sete vítimas do grupo reconheceram os menores na delegacia. Segundo a polícia, eles roubavam joias, relógios, brincos, carteiras.

Fonte: O Globo





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